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No dia em que as crianças resolveram fugir, não houve necessidade de
qualquer flautista para conduzi-las. Juntaram a merrequinha que ganhavam
no trabalho árduo nas minas de carvão, subornaram o funcionário do
reservatório municipal de água e despejaram quantidades industriais de
tranquilizantes ali, para que chegassem em porções suficientemente
cavalares nas pias de cada casa.
Os tranquilizantes eram daqueles que os adultos adoram, vendidos em
boletas, que amansam o leão de cada um de tal jeito que dá pra acordar no
outro dia e voltar a trabalhar. Aos poucos - as crianças notaram - os
adultos passaram a querer que elas ingerissem as boletas também. Este foi
o estopim de uma insatisfação que, já se acumulava insustentável: tinham
que fazer algo!
Devidamente hidratada, a cidade então dormiu. Pela madrugada, em pleno
ronco residencial, as ruas de areia vermelha guardavam apenas o rumor da
pontinha dos pés em conjunto, fugindo para sempre. Na praia central, o
barqueiro esperava. As crianças todas respiravam tensas: havia nelas a
vontade de fundar sim, um novo mundo, nalguma ilha, sem os adultos de
praxe. Mas também, por outro lado, ficava engraçada a pergunta clássica:
o que faremos quando NÓS crescermos?

1 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Dae raça,

Se tiverem afim de fazer uma parceria deem uma entrada la no nosso site, ja anunciamos o festival de rock e agora a festa das crianças. O objetivo do nosso site é passar informação e cultura sem pedir nada em troca... se colocarem nosso link ai so aumenta a abrangencia da parada

abraço

2:01 PM  

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